sexta-feira, 17 de junho de 2011

Leonardo Boff - escritor e colunista do jornal O Tempo



OPINIÃO: Empregada como adjetivo, a sustentabilidade virou moda

É de bom tom hoje falar de sustentabilidade. Ela serve de garantia de que a empresa está respeitando o meio ambiente. Atrás dessa palavra, escondem-se algumas verdades, mas também muitos engodos. De modo geral, ela é usada como adjetivo e não como substantivo.

Como adjetivo, é agregada a qualquer coisa sem mudar a natureza da coisa. Exemplo: diminuir a poluição de uma fábrica, colocando filtros em suas chaminés. Mas a maneira como a empresa se relaciona com a natureza, de onde tira os materiais para a produção, não muda; ela continua devastando. A preocupação não é com o meio ambiente, mas com o lucro e a competição. Portanto, a sustentabilidade é apenas de acomodação e, não, de mudança; é adjetiva, não substantiva.

Sustentabilidade como substantivo exige uma mudança de relação para com a natureza, a vida e a Terra. A primeira mudança começa com outra visão da realidade. A Terra está viva e nós somos sua porção consciente e inteligente. Não estamos fora e acima dela, como quem a domina, mas dentro, como quem cuida dela, aproveitando seus bens, mas respeitando seus limites. Há interação entre ser humano e natureza. Se poluo o ar, adoeço e reforço o efeito estufa. Se recupero a mata ciliar do rio, preservo as águas, aumento seu volume e melhoro minha vida e a dos animais.

Sustentabilidade como substantivo acontece quando nos fazemos responsáveis pela preservação dos ecossistemas. Devido à abusiva exploração de seus bens e serviços, tocamos nos limites da Terra. Ela não consegue, na ordem de 30%, recompor o que lhe foi tirado. Está ficando cada vez mais pobre de florestas, águas, solos férteis, ar limpo e biodiversidade. E o que é mais grave, mais empobrecida de gente com solidariedade, com compaixão, com respeito, com cuidado e com amor para com os diferentes. Quando isso vai parar?

A sustentabilidade como substantivo será alcançada no dia em que mudarmos nossa maneira de habitar a Terra - nossa Grande Mãe -, de produzir, distribuir, consumir e de tratar os dejetos. Nosso sistema de vida não tem capacidade de resolver os problemas que criou. Pior, está nos matando e ameaçando todos os outros sistemas de vida.

Temos que reinventar um novo modo de estar no mundo com os outros, com a natureza, com a Terra. Aprender a ser mais com menos e a satisfazer nossas necessidades com o sentido de solidariedade para com os milhões que passam fome e com o futuro de nossos filhos e netos.

Quando aqueles que controlam as finanças e os destinos dos povos se reúnem nunca é para discutir o futuro da vida humana e a preservação da Terra. Eles se encontram para tratar de dinheiros, de como salvar o sistema financeiro, garantir taxas de juros e lucros dos bancos. Se falam de aquecimento global e mudanças climáticas, é quase sempre nesta ótica: quanto posso perder com esses fenômenos? Ou, então, como posso ganhar comprando ou vendendo bônus de carbono de outros países para continuar a poluir? A sustentabilidade de que falam é pura retórica. Esquecem de que a Terra pode viver sem nós, como viveu por bilhões de anos. Nós é que não podemos viver sem ela.

Não nos iludamos: as empresas, em sua grande maioria, só assumem a responsabilidade socioambiental à medida que seus ganhos não sejam prejudicados. Portanto, nada de mudanças de rumo, de uma relação diferente com a natureza, nada de valores éticos e espirituais. Como disse o ecólogo uruguaio E. Gudynas, "a tarefa não é pensar em desenvolvimento alternativo, mas em alternativas de desenvolvimento".

Fonte: O Tempo

Postado por: http://bionarede.blogspot.com/

quinta-feira, 31 de março de 2011

Embriague-se - Charles Baudelaire, tradução Jorge Pontual


É preciso estar sempre embriagado. Isso é tudo: é a única questão. Para não sentir o horrível fardo do Tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão.
Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser. Mas embriague-se.
E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso, na solidão triste do seu quarto, você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão: "É hora de embriagar-se! Para não ser o escravo mártir do Tempo, embriague-se; embriague-se sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser".

segunda-feira, 17 de maio de 2010

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

terça-feira, 13 de outubro de 2009

1° Manzuá Rebocados por Mendigo


Aí galera conta com a presença e a colaboração de todos pra que os Mendigos vá para o FunMusic (Festival Universitário de Música) em Americana-SP, 12/11.